sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Companhia da estrela



Em todas as noites, ela aparece no céu
Somente eu a vejo porque brilha só para mim
Só para mim, só para mim
Brilhar é ser único para alguém

No céu, há, sim, outras estrelas
Mas meu ser se apaixonou apenas por uma
Teu brilho e tua beleza me encantou sobremaneira
Apaixonar-se é ser encantado por uma única estrela 

Já tentei ver o brilho de outras estrelas
Decepcionei-me. Não pude revelar meus segredos 
Porque já havia contado para ela
Segredar é quando encontramos uma única estrela

O homem pode encontrar muitas estrelas em seu caminho
Mas só uma é que alcançará o seu coração 
Porque no brilho do amor, nasce a esperança de viver
Caminhar é seguir as batidas do coração estrelado 

Em noites nubladas, vou dormir cedo
Para sonhar contigo e descansar
É o teu brilho que me aquece com a luz flamejante
Sonhar é ser aquecido todas as noites pela estrela brilhante

Despertar nas manhãs é como celebrar
A felicidade aos amigos e à comunidade
Pena que só eu te vejo e só eu te desejo
Festejar é acreditar no brilho oculto de uma estrela 

Ninguém te vê porque não acredita no brilho do amor
Eu, sim, fui fisgado pela felicidade plena
O céu é o teu lar, então irei te buscar
Amar é trazer o céu estrelado à terra desalmada

Você me fez brilhar por seis, e por dois perdi o rumo do teu brilho
Hoje, não há estrela no céu, pois o teu brilho é o do sol refletido
Estou sendo iluminado pela esperança do retorno
Viver é a semente da utopia do retorno brilho!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Dez culpas inevitáveis

Costumo dizer que sou o "entendido" das Letras. Rebato sempre, retificando que sou mesmo é "complicado". Entendidos são meus amigos! Contudo, confesso que curto brincar com as palavras. Afinal, o que é a linguagem senão uma brincadeira do vocabulário que cria sentidos e significados para a vida?

Pois bem, a semântica é a disciplina do sentido e do significado da existência humana, enquanto ser linguístico. É, pois, em meio ao emaranhado dos vocábulos que encontramos o fio condutor da compreensão e do desvendamento dos mistérios ocultos. Pela linguagem, conseguimos esconder o segredo da verdade. Pois, muitas vezes, é o comportamento que revelará o engodo da mentira. Há um Espírito que coordena a vida humana e, quase sempre, ele a mantém e a preserva pela essência da Palavra. Sendo assim, a vida é a prática da Palavra. 

Não queria fazer trocadilhos, mas vou cometer alguns. Queria falar das dez culpas inevitáveis, mas vou falar de apenas uma. A primeira desculpa ou a primeira das dez culpas é quando ouvimos: "não entendi". Quem responde com esta expressão, depois de longas leituras ou explicações, merece morrer! Sim, merece morrer. Não literalmente, mas deveria caminhar para a cova. Explico. Na linguagem, há sempre lacunas que foram propositadamente deixadas para o indivíduo refletir sobre os porquês delas. As lacunas são as ambivalências da vida. Dar a resposta pronta é continuar no domínio do pecado que, fatalmente, emburrece a pessoa. 

É por isso que a maioria de nossos alunos não gosta da narratividade, da poesia e, muito menos, da semântica. Querem a "coisa pronta"! É como ir à livraria e pedir dez gramas de gramática, cem de compreensão, duzentos de semântica e tomar doses elevadas do combinado para dar sentido à vida. É como ir à farmácia e pedir um pé de alface para resolver o problema do colesterol. É a imbecilidade eliminando a capacidade do indivíduo dar sentido à vida. É continuar jogando lixo no chão porque não quer tirar o emprego dos garis. É continuar falando a língua dos anjos porque não domina a língua humana. É continuar expulsando demônios porque não consegue expulsar os governantes corruptos. Nosso povo adotou a semântica do pecado e tem ignorado a semântica da vida simplesmente porque dizem "não entendi". 

Poderia dizer também "não entendi porque Cristo ainda não voltou". Certamente é porque a ressurreição não fez sentido ainda para mim. Poderia dizer "não entendi porque a morte continua acontecendo sendo que há a promessa de vida eterna". Obviamente é porque não passei pela experiência da transcendência e muito menos do significado do encontro com o Salvador. Enfim, a semântica da vida é a da realização do milagre. E não há necessidade de explicá-la. 

Como disse, só falarei de uma das dez culpas inevitáveis. As outras nove deixarei como lacuna para os que perscrutam o sentido da missão da vida: viver sem desculpas.