domingo, 24 de novembro de 2013

Dor sem alívio

 
Ontem sai para aliviar a dor
Que fluía em todos os ossos em pavor
Então telefonei, pensando em ti somente
Qual foi a surpresa ao ouvir um "alô" contente

Fui à consulta na clínica da alma
Lá, aumentou-se a dose da palma
Porque a resiliência fustrou-se pela ferida
Ao relatar a morte prévia ocorrida

Então resolvi tomar outra substância
Aquela que cura instantaneamente
Fluidos de humanidade em ânsia
Sendo alívio imediato da mente

A noite é quente, mas tua presença é gélida
Quem tem esperança aquece a causa emérita
Por isso desmaiei, desejando morrer - cena séria
Desliguei-me na mente, no pulmão - alma etéria

Acordei e, sangrando, desesperei-me
Atado a um escalpe, drenavam-me
Amarrado à maca, operavam-me
Anestesiado e, orando, aspirei-me

Não pertenço mais a ninguém
E não há quem poderá me desejar
E se houvesse, em ressalvo, alguém
Ficou aqui à mercê de abutres a putrefar

Pinc, pinc, pinc, ponc - última gota