Ontem você me procurou para dizer
que tem medo de viver a vida. Sim, viver a vida. Geralmente, a humanidade tem
medo da morte, mas não da vida. Afinal, a vida é a satisfação de nossa
consciência de que existimos. E é “em vida” que aprendemos a crer na essência
de ser eterno.
Viver a vida amedronta sim. Não é porque ela seja horrível ou, em contraponto, fascinante. É porque viver é uma missão, assim como morrer também é uma missão. Se não formos conscientes deste princípio, então perdemos as ricas oportunidades de aprender a controlar, a contornar, a superar e, graciosamente, a vencer o medo. Viver, então, é um aprendizado. E, muitas vezes, o conteúdo dessa aprendizagem é exatamente o medo.
Viver a vida amedronta sim. Não é porque ela seja horrível ou, em contraponto, fascinante. É porque viver é uma missão, assim como morrer também é uma missão. Se não formos conscientes deste princípio, então perdemos as ricas oportunidades de aprender a controlar, a contornar, a superar e, graciosamente, a vencer o medo. Viver, então, é um aprendizado. E, muitas vezes, o conteúdo dessa aprendizagem é exatamente o medo.
O medo causa-nos a vivência da
antecipação do sofrimento. O medo conduz-nos à ansiedade – que é um princípio
da morte. E a nossa “humanidade” é cheia de motivos ansiosos. Até mesmo um relacionamento
mal construído poderá ser interpretado como sofrimento. Imaginemos, pois, um
casamento às vésperas de ser consumado, mas que poderá ser interrompido por
causa da ansiedade. A ansiedade é um preço caro, pago por situações que nem
aconteceram. Mas ela tem que plantar a semente em nossa consciência a fim de conduzir-nos
à angústia, ao sofrimento, ao desespero, enfim ao medo de encarar a missão de viver.
Imaginemos uma doença... e que não
há cura para ela. Resta-nos somente a fé. A fé é mais que resiliência, é o dom
de acreditar com esperança, é a experiência de que a cura não é a resposta certa,
é a certeza de que o clímax da missão terá seu desfecho no “cumprimento da
vontade de Deus”. Crer é, assim, a responsabilidade de cumprir a missão. Porque,
de fato, somos construtores da criação e, no plano salvífico, resgata-se a alma.
“Porque aprendi a estar contente em todas as situações”.
Vencer o medo é o nosso alvo, mas
há várias batalhas. Pelo menos, três. A primeira batalha é que cada um de nós
precisa autoconhecer-se, aprender os limites de suas forças, de seus
equipamentos de segurança, de seus mecanismos de defesa, de suas habilidades e
competências profissionais e, principalmente a abrir-se para o mundo do
inimigo. Sem autoconhecimento é impossível entrar na guerra – por isso, há
muitos que ficam na dependência de outros. A segunda é uma batalha mais árdua
de ser conquistada por nós hoje. Trata-se da rede de relacionamentos que
devemos criar. Falo da família, dos amigos, das parcerias institucionais, das
aventuras, do lazer e do prazer. Todos estes, saudavelmente construídos. E, por
último, a batalha de aceitar-se como humano. A mortalidade não é o nosso fim.
Temos que definitivamente aprender a deixar o legado da “bios” para iniciar o legado do “aiwnion”.
O sofrimento é como trincheiras da batalha que enfrentamos dia a dia. Mas a guerra a ser vencida é a do medo.