sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Amar é viver



Não é fácil viver. Reconheço. Mas é difícil amar. Conheço.

Viver é como aprender a andar. Somos andarilhos e não queremos mais ficar parados, simplesmente porque gostamos e viciamos na jornada da vida. Não precisamos que ninguém nos carregue. Gostamos de sair andando “por conta própria”. Extravasamos nossa ira quando pisamos fortes sobre o chão. Queremos demonstrar que estamos “vivos” pelo ato de andar... Mas andar cansa e, na maioria das vezes, precisamos parar. Afinal, essa vida é temporária. Conscientemente, sabemos que o nosso fim é o descanso eterno dos ossos no madeiro em forma de caixa. Não temos medo das rugas, mas do anúncio breve que elas causam-nos: é a dor da maturidade soando como sinos das torres altas da catedral, ou ainda o “shofar” ecoando nas angústias da alma, ou o alarme das sirenes preconizando as agonias, ou mesmo as buzinas dos veículos anunciando o impacto de nosso frágil corpo caído sobre o capô deles.


Viver andando requer prudência, responsabilidade e amabilidade. Três requisitos essenciais para que esta vida seja a mais vivida possível. Prudência requer a sensatez para resolver o caos da antivida. Responsabilidade é o pagamento antecipado dos resultados a serem obtidos. E a amabilidade refere-se à magia que espalhamos em nossas intenções e atitudes. A vida é mais bela quando tais itens estão presentes. Dos três, escolha aquele que te dê maior prazer na vida. Eu escolho a magia, porque ela me conduz a conquistar os outros. Isso não é regra, mas um caminho para viver andando.


Amar é como a comida que mais apreciamos adentrando em nós, dando-nos o regozijo da satisfação. Entramos em êxtase por causa do alimento que nos sustenta. Alimentar é manter-se vivo. É o amor servindo-nos como alimento para a vida. Nesse sentido, amar se torna imperativo para nos caracterizar enquanto seres amantes. A morte chega para os que fazem dieta do amor. É nesse momento que outros alimentos acabam sendo ingeridos, como a ignorância, a inconsequência e o ódio. Há muitos obesos na sociedade que precisam apreender a reeducação do amor nutricional. (“Você tem um sorriso lindo” – frase que abre início à possibilidade do amor). Precisamos comer! Precisamos amar!
 
“Digo sim, sim, sim. Digo não, não, não” diz uma canção em inglês. Mas o fato é que precisamos de amigos, e por que não os animais, que nos ensinem a andar e a comer para que saibamos viver amando.