Não é fácil viver. Reconheço. Mas é difícil amar. Conheço.
Viver é como
aprender a andar. Somos andarilhos e não queremos mais ficar parados,
simplesmente porque gostamos e viciamos na jornada da vida. Não precisamos que
ninguém nos carregue. Gostamos de sair andando “por conta própria”.
Extravasamos nossa ira quando pisamos fortes sobre o chão. Queremos demonstrar
que estamos “vivos” pelo ato de andar... Mas andar cansa e, na maioria das
vezes, precisamos parar. Afinal, essa vida é temporária. Conscientemente,
sabemos que o nosso fim é o descanso eterno dos ossos no madeiro em forma de
caixa. Não temos medo das rugas, mas do anúncio breve que elas causam-nos: é a
dor da maturidade soando como sinos das torres altas da catedral, ou ainda o
“shofar” ecoando nas angústias da alma, ou o alarme das sirenes preconizando as
agonias, ou mesmo as buzinas dos veículos anunciando o impacto de nosso frágil
corpo caído sobre o capô deles.
Viver andando
requer prudência, responsabilidade e amabilidade. Três requisitos essenciais
para que esta vida seja a mais vivida
possível. Prudência requer a sensatez para resolver o caos da antivida.
Responsabilidade é o pagamento antecipado dos resultados a serem obtidos. E a
amabilidade refere-se à magia que espalhamos em nossas intenções e atitudes. A
vida é mais bela quando tais itens estão presentes. Dos três, escolha aquele
que te dê maior prazer na vida. Eu escolho a magia, porque ela me conduz a
conquistar os outros. Isso não é regra, mas um caminho para viver andando.
Amar é como a
comida que mais apreciamos adentrando em nós, dando-nos o regozijo da
satisfação. Entramos em êxtase por causa do alimento que nos sustenta. Alimentar
é manter-se vivo. É o amor servindo-nos como alimento para a vida. Nesse sentido,
amar se torna imperativo para nos caracterizar enquanto seres amantes. A morte
chega para os que fazem dieta do amor. É nesse momento que outros alimentos
acabam sendo ingeridos, como a ignorância, a inconsequência e o ódio. Há muitos
obesos na sociedade que precisam apreender a reeducação do amor nutricional.
(“Você tem um sorriso lindo” – frase que abre início à possibilidade do amor).
Precisamos comer! Precisamos amar!
“Digo sim, sim, sim. Digo não, não, não” diz uma
canção em inglês. Mas o fato é que precisamos de amigos, e por que não os
animais, que nos ensinem a andar e a comer para que saibamos viver amando.