O girassol não é apenas a flor, recheada
pelas pétalas e dezenas de sementes. Nem tampouco refere-se às ações de
movimentos do astro-rei, alimentado o universo com seus raios e tornando-se as
bioquímicas da energia produtora de outras biossínteses. Ele representa as
dinâmicas da vontade de viver e os conflitos do medo de morrer. Afinal, o ser
humano é vocacionado a experimentar a bênção de respirar e ser alma vivente, contudo sofre porque é consciente de sua brevidade neste mundo.
Como ato divino, a experiência de
conhecer, decidir e sentir adentra-se às fases através das quais cada ser vivo
é destinado. Uma dessas fase é a do ser humano realmente vir à vida, com dores,
choros, fome, constrições e descobertas. Cada desenvolvimento, passos da
aprendizagem evolutiva da espécie, é uma relação de conhecimento, sabedoria e
praxiologia. Conhecer significa matricular-se na universidade dos porquês em busca do entendimento acerca
das funcionalidades. E o saber requer a especialização sobre as dicotomias que
tornam cada assunto funcional, prático e contextual. O girassol é uma
representação da fase do conhecimento, pois, através do desenvolvimento, faz o
ser humano entender a função do viver como ser humano!
Segue-se à esta fase a de
autocompreender-se e interpretar a missão de ser alguém neste mundo. É neste sentido
que a tomada de decisão refere-se à complexidade das incertezas, dos conflitos,
das negações e das biases. A volição é
uma importante ferramenta para todos, ela é pacificadora, revolucionária e
altamente violenta! Destina-se às escolhas que são feitas durante o
desenvolvimento de ser alguém: as escolas, as amizades, as profissões, as
religiões, as férias e, biologicamente falando, as paixões. Decidir sobre determinadas
situações não é algo fácil, mas é preciso fazê-lo! Há sim lutas internas quando
teme-se acerca das consequências, no entanto a decisão é um remédio preventivo.
Não cura, mas alivia os sintomas. A decisão só é terapêutica quando ela é politicamente a favor da vida, expressão
máxima da vontade de Deus. O girassol é um arquétipo das decisões a serem
tomadas, em cada movimento enxerga diferentes perspectivas do cenário maior.
Vive-se melhor, movimentando-se!
E, por último, há a fase
intuitiva e instintiva de perceber a sensibilidade da vida, bem como da morte. Cada
ser humano experimenta as sensações das “inas”: endorfinas, adrenalinas,
serotoninas, entre outras. Todavia, é na experiência da psique, ou melhor, na percepção
dos sentimentos e das emoções, que habita a estética da felicidade e da
finitude da vida. É o momento do coração e da mente duelarem-se com o objetivo
de tornar prevalente a missão de existência do ser. É, pois, assim que entende-se
a eternidade do ser: “pra sempre”. Eis porque cada sentimento possibilita
sensações diferentes. Na verdade, cada sensação deveria ser interpretada
duplamente: uma para o momento, aquela que conduz à euforia, à felicidade, à alegria
e à satisfação, enquanto a outra é para a ausência destas percepções e para a indução
às antagônicas, ou seja, à antecipação da morte. O girassol prefigura os
sentimentos da eternidade, conquanto a partir de um único girassol perpetua-se
dezenas de outros mais, e assim por diante. Mas para viver eternamente, é preciso passar pela
experiência da finitude! A fé é o veículo que garante esta passagem.
Enquanto ser humano ou alma
vivente é preciso alimentar-se integralmente do conhecimento, das decisões
tomadas e dos sentimentos percebidos. É necessário ter “bem clara e definida” a
missão de existir eternamente. Pois é sem medo de errar que aproxima-se da
coragem de acertar; bem como é com a vida que são vencidos os obstáculos da
morte. É sim com o amor que derrota-se o mal, e é pela esperança que acredita-se
na redenção! E foi pela cruz que a pedra foi removida! O girassol não é
presságio da loucura van goghiana, mas do tempo e do espaço que a vida e morte
humana acontecem.