Abro a janela e vejo
que você está me observando
Todos os dias, tenho
que me valorizar para ti me desnudando,
Pois a visão de minha
pureza é prova que está me conquistando
E assim vão-se os dias
e finais de semana me contemplando.
Pena que a ilusão é o
sonho que não se realiza
Faz-nos fugir sempre
da utopia, cuja dor nem ameniza
De quem deseja
encontrar-se com a alma precisa
E consumar a emoção
que faz a carne adoecida
É fácil resolver essa
situação: vamos quebrar o protocolo
Afinal, amar é como
criança querendo colo
Ou seja, sair de casa,
pular as regras, pessoas a tiracolo
E fazer tudo
acontecer: subir ao céu, saindo do solo
Mas não é assim que a
vida funciona
Pois em todo grupo há
sempre convenções a seguir
Somos humanos e precisamos
aos desejos suprimir
E viver a vida como: o
suspiro que aciona
Sabe o que é uma
fresta?
É uma oração feita no
abismo
É o apocalipse de
cataclismo
É a fenda da nossa
festa!
Então te espero na
surdina
Nos interregnos da
nossa buzina
Eu fecho, você abre. É
a sina
Do amor e do amar que
se destina
Não quero te tocar e
nem quero ser tocado
Quero, apenas, sentir
a essência do esperado
Sentimentos que hão de
ser eternos: aqueles pensados
E viveremos, sim,
distantes, mas sempre um ao outro atados
O amor é um fresta que
se abre para a janela das descobertas!