domingo, 8 de dezembro de 2013

Prá que te amar?



Para que entregar-se ao amor
E viver na expectativa da felicidade
Se ele vai me deixar, só de maldade
Provocando-me intensa sofrida dor?

Foi assim que aconteceu: o mundo me conheceu
Virei bobo e fiquei à mercê do Senhor Não Entendeu
Na dimensão das paixões, os tontos são pigmeus
E na dimensão das contradições, os sábios são ateus

Família veio ser um problema para nós
E os teus amigos, que não te aceitam, são nós
É como calça larga que não pára, sem cós
Não sabem da relação. Eles a enfeiam, sem voz

Ser alguém é assumir a relação que encanta
Mesmo que ela seja primitiva, em busca do Elo Perdido
Pois aquilo que se rejeita, vive-se no idílio aturdido
Ter alguém é consumir o ato, quando se levanta

Vou eternizar-me, sublimando o desejo de ser rejeitado
Vou angustiar-me, deflorando a ânsia de ter sido enterrado
Vou alegrar-me, celebrando o ímpeto de haver ressuscitado
Vou ascender-me, iluminando as ideias de estar glorificado

Naquele dia você se chegará a mim, mas não te amarei
Estarei com muitos que me aceitaram, e com eles festejarei
Você, infelizmente, não terá lugar, será a vítima que gozei
Porque a morte não apaga a mente, mas o corpo que cativei