quinta-feira, 27 de junho de 2013

Instabilidade


Quando cheguei ao Norte já era inverno
Na verdade, começou um pequeno inferno
A distância era meu tormento a céu aberto
Ficar sem ti foi como mira sem tiro certo 

Saía de manhã para devocionais no parque
Ventos frios e gélidos foram metáforas landmarks 
Cada reminiscência tornou-se na mente ataques
Ao conversar, todos já percebiam meu sotaque

A neve em Illinois foi como prisão 
Só haveria novidade se tivesse amigo-irmão
Os telefonemas foram comida de alçapão
Caí feito passarinho, sem ninho, sem colchão

Lá, faltou-me palavras tuas de incentivo
Nem um "je t´aime" teu como estímulo objetivo
Chegou aos meus ouvidos, deixando-me altivo
Amar-te não foi destino, mas gesto meu assertivo

Dois dias isolados pela branca tempestade
Foi o que a mãe-natureza usou como finalidade
Para mostrar-me o aprendizado à nova maturidade
No meu aniversário, recebi um "adeus" com crueldade

Então, mais uma vez, sentei ao banco sozinho
Apenas um corvo cantou - presságio do destino
Não me assustei. Refletia sobre gesto cretino
As nuvens eram assombrações do ausente carinho

Fiz uma oração: "volta prá mim". Até roupa nova usei
No entanto, entendi o meu fim: morte à minha vida. Dancei
Infelizmente começou a ventar, queimando as covas da face. Piorei
As manchas que tenho são cicatrizes da lida, pois sei que te amei.

Minhas inúmeras idas ao Norte representam uma construção
Em cada viagem, construí muralhas como o imperador romano
Então, hoje, entendo. O Norte é minha educação e o Sul minha perdição
O equilíbrio não existe. O Supremo ordenou: "deixarás de ser humano"