sexta-feira, 19 de julho de 2013

De esperta mente



Todas as tardes, antes do por-do-sol, vou te ver
Desço ao Centro do Registro do Saber 
E observo-te, à distância, sem aparecer
Contemplando tua estética, tua tez e teu ser 

Decido revelar-me a ti. Apenas aceno
Cumprimento-te com os olhos. Meu bom senso
Folheio, rabisco e escrevo. Só não penso
Tua presença equivoca-me. Saio tenso 

Por que você não fala comigo?
Será este o meu castigo?
Ou será aqui, teu trabalho, um abrigo?
Fica, então, assim: um dia estarei contigo!

Mandíbulas metálicas que cortam ao meio
Lombo saltado prejudica-te o esquerdo seio
Olho vidrado com pálpebra caída - não é feio
Pernas finas e redondas formam teu custeio

Nesta semana, ajustei-me para crescer espiritualmente
Ia ver-te para meditar e contemplar religiosamente
Meu imaginário sobre ti é guardado secretamente
E nas minhas representações, sacio-me compulsivamente

Não tenho receio dos delírios
Observar-te é efeito de colírios
Você é o jardim cheio de lírios
Prende minha alma com os teus cílios