Quero iniciar minha reflexão afirmando que Deus nos criou com intelecto, ou seja, a faculdade cognitiva de analisar, avaliar, classificar, comparar, definir, descrever, exemplificar, explicar, interpretar, sintetizar, criticar, argumentar, compreender, entender, raciocinar, enfim o que costumeiramente chamamos cogitar (o ato de pensar). Parafraseando René Descartes, o "cogito, ergo sum" refere-se à observação do ato de pensar como "o início ao entendimento e ao sentido de nossa existência". Pecamos por não pensar, pecamos porque deixamos outros pensarem por nós. Ademais, pecamos porque somos incapazes de reconhecer que a solução de conflitos e até mesmo a manutenção da paz é decorrente do ato de pensar.
Pensar é atentar para o que é essencial, pois é nessa atitude que reside o conhecimento transformador. Quando pensamos, conseguimos identificar as qualidades e as potências do saber. É quando o "desconhecido" se torna próximo a nós, isto é, passa a ser conhecido por nós e se torna ferramenta de reorganização do "ser no mundo". Se não pensarmos, deixamos de vencer os desafios, deixamos de superar as crises, deixamos de dominar os medos e deixamos de oferecer alternativas de sobrevivência. Pensar é ato de vitórias sobre os demônios da ignorância, da estupidez e do analfabetismo do cogito. Pensar é uma virtude cristã para adquirir e exercer a sabedoria, o discernimento e a convicção acerca das dúvidas e dos desatinos.
A abordagem cognitiva, auspiciada por Jean Piaget, também conhecida como construtivismo, exalta o método "aprender a aprender" como resultado do ato de pensar. Para ele, o indivíduo cria um "schema" da informação e processa o seu relacionamento por meio da "acomodação" ou "assimilação". Cada indivíduo cria por si próprio uma estrutura do pensar, um esquema de como ele se integra à compreensão (assimilação e acomodação). Sendo assim, quando a pessoa é incapaz de lidar com a informação, ou melhor, ela diz não "compreender" é porque, na verdade, a nova informação não se encaixou em nenhum dos esquemas que ela já predeterminou em seu modelo mental de aprendizagem. Por isso, é "fácil" decorar a informação sem sequer questioná-la ou analisá-la. A pessoa decora porque sabe que, futuramente, não precisará daquele conteúdo. Ressalto, no entanto, que é o pensar que nos fará "senhores" do conhecimento - daí a necessidade de sermos "experts" quando falamos em "desenvolvimento humano".
Logo, como líderes de nossas comunidades, e simpatizantes da abordagem cognitiva, devemos assumir um ministério do "aprender a pensar" para que nossos membros saibam discernir, amadurecer, crescer no conhecimento e na graça do Senhor. Líderes não ensinam os membros, haja vista os próprios membros aprendem como aprender. Os líderes são instrumentos que facilitam e colaboram no processo dos fiéis se encontrarem na aprendizagem dos desígnios de Deus. Nesse sentido, nenhum membro fica à mercê da "educastração" dos sermões de líderes, antes conseguem digerir e reproduzir em si os efeitos dessa diversidade de pensar. Afinal, a própria busca da santidade, após confissão e conversão a Cristo, é um processo educacional que acontece primeiro a partir da mente e irradia nas atitudes do comportamento. São decisões feitas para adentrar ao contato com o conhecimento das Escrituras, ao diálogo com o Espírito acerca dos conflitos e à convivência comunitária para sentir a solidariedade e fraternidade.
Então vou perguntar: "o que faz um líder anunciar que a vida do cristão não pode ser de pobreza e de doença?", ou ainda, "que a prova de fé é mediante a oferta de montantes financeiros?", e o que dizer de, "sua vida está sendo atacada por demônios e você precisa se livrar deles"?, e o mais intrigante é o convite: "venha receber a cura". Pois bem, quero dizer que a resposta a todas essas perguntas e convite não decorrem de uma ação evangelística do pensar, mas do tornar-se escravo da ignorância e da dependência viciante de discursos ludibriantes. Quem ensina o outro a pensar, ajuda-o a construir a verdade como princípio de transformação do seu ser. Quem promove o pensamento crítico, faz com que uma sociedade entenda os fundamentos da prática de justiça, liberdade, direito, cidadania, igualdade e desenvolvimento humano. Enfim, o pensar é, sim, uma atitude cristã a ser cultivada para que haja definitivamente o crescimento pessoal, a eficácia da fé, a vitória sobre os desafios e a pureza na vida.
Na vida humana, o ato de pensar nos torna "senhores" do conhecimento. Não no sentido de dominá-lo, mas de saber usar suas estruturas de libertação, superação e eficácia. É a compreensão dos "porquês" que nos introduz ao atentar ao que é essencial. Logo, o que é essencial na vida cristã? Ou o que devemos realmente pensar como estrutura de conversão a Cristo? O intento aqui é dizer que o evento "Cristo em nós" nos levará a essa metodologia de pensar como construto da nova humanidade. Por exemplo, uma vez que somos "invadidos" mentalmente pelo dom de amar, não haverá, então, "limites" para fazer exclusões e nem separações. Seremos persuadidos pela construção da inclusividade (amor), da graciosidade (habilidades e competências), da fidelidade (justificação) e da santidade (purificação).
Alguém já parou para, verdadeiramente, refletir sobre as manifestações populares? Pois bem, elas são fruto da aplicação dessa metodologia. Alguém gostaria de explicar porque as comunidades neopentecostais continuam crescendo assustadoramente por meio da mídia e teologia da prosperidade? Pois bem, elas são fruto da NÃO aplicação dessa metodologia. Como alguém consegue "enganar" pessoas a contribuírem para manter "programas no ar", sendo que os recursos são para compra de fazendas, sustento do nível de vida e aplicações em paraísos fiscais? É porque não pensam, são incapazes de fazer comparações de modelos anteriores ou ainda inferir sobre valores bíblicos com os praticados hoje.
Para finalizar, quero que você, leitor, pense cognitivamente (desculpe-me a redundância) sobre as seguintes proposições:
(1) as estratégias neocarismáticas são fruto da associação da teologia da prosperidade e da pregação sobre demônios e batalhas com o diabo, cuja finalidade é fazer com que a pessoa fique dependente de tais pregações e comecem a testar a fé por meio de donativos.
(2) A associação que se faz da erradicação do pecado na sociedade por meio de pregações anti-inclusividade, anti-cidadã e anti-diversidade revelam mais um discurso de extermínio de estereótipos e biotipos do que amor e graça divina para todos.
(3) A enormidade quanto ao surgimento de novas comunidades, uma tentativa de configurar novas denominações, vem demonstrando a impossibilidade dos cristãos se reorganizarem debaixo do cabeça "Cristo", pois as motivações não são de humildade, submissão e amor, mas de conquista da arrogância, do poder da competição entre líderes.
(4) A humanidade contemporânea vive uma nova metodologia do pensar, instigada pela Pós-modernidade (movimento cultural) e pela Globalização (movimento econômico e político), enquanto a igreja evangélico-cristã continua nos modelos do fundamentalismo e conservadorismo, sem renovação e reformas, principalmente nas abordagens litúrgicas.
(5) Vida cristã é um processo, portanto ela é fruto do efeito da educação redentora na pessoa. Sendo assim, o maior investimento que as comunidades devem fazer na vida de pessoas é oferecer uma matriz curricular pautada na redenção como modelo de resgate, transformação e (re)criação. O modelo é o de conduzir (educare) a pessoa a Cristo e, com a metodologia do fazer pensar, moldá-la pelo conhecimento de Deus. Nesse sentido, a crítica será sobre os modelos de educação cristã oferecidos pelas igrejas.
Pensar é um ato de revolução. Primeiro de si e depois da sociedade.
A abordagem cognitiva, auspiciada por Jean Piaget, também conhecida como construtivismo, exalta o método "aprender a aprender" como resultado do ato de pensar. Para ele, o indivíduo cria um "schema" da informação e processa o seu relacionamento por meio da "acomodação" ou "assimilação". Cada indivíduo cria por si próprio uma estrutura do pensar, um esquema de como ele se integra à compreensão (assimilação e acomodação). Sendo assim, quando a pessoa é incapaz de lidar com a informação, ou melhor, ela diz não "compreender" é porque, na verdade, a nova informação não se encaixou em nenhum dos esquemas que ela já predeterminou em seu modelo mental de aprendizagem. Por isso, é "fácil" decorar a informação sem sequer questioná-la ou analisá-la. A pessoa decora porque sabe que, futuramente, não precisará daquele conteúdo. Ressalto, no entanto, que é o pensar que nos fará "senhores" do conhecimento - daí a necessidade de sermos "experts" quando falamos em "desenvolvimento humano".
Logo, como líderes de nossas comunidades, e simpatizantes da abordagem cognitiva, devemos assumir um ministério do "aprender a pensar" para que nossos membros saibam discernir, amadurecer, crescer no conhecimento e na graça do Senhor. Líderes não ensinam os membros, haja vista os próprios membros aprendem como aprender. Os líderes são instrumentos que facilitam e colaboram no processo dos fiéis se encontrarem na aprendizagem dos desígnios de Deus. Nesse sentido, nenhum membro fica à mercê da "educastração" dos sermões de líderes, antes conseguem digerir e reproduzir em si os efeitos dessa diversidade de pensar. Afinal, a própria busca da santidade, após confissão e conversão a Cristo, é um processo educacional que acontece primeiro a partir da mente e irradia nas atitudes do comportamento. São decisões feitas para adentrar ao contato com o conhecimento das Escrituras, ao diálogo com o Espírito acerca dos conflitos e à convivência comunitária para sentir a solidariedade e fraternidade.
Então vou perguntar: "o que faz um líder anunciar que a vida do cristão não pode ser de pobreza e de doença?", ou ainda, "que a prova de fé é mediante a oferta de montantes financeiros?", e o que dizer de, "sua vida está sendo atacada por demônios e você precisa se livrar deles"?, e o mais intrigante é o convite: "venha receber a cura". Pois bem, quero dizer que a resposta a todas essas perguntas e convite não decorrem de uma ação evangelística do pensar, mas do tornar-se escravo da ignorância e da dependência viciante de discursos ludibriantes. Quem ensina o outro a pensar, ajuda-o a construir a verdade como princípio de transformação do seu ser. Quem promove o pensamento crítico, faz com que uma sociedade entenda os fundamentos da prática de justiça, liberdade, direito, cidadania, igualdade e desenvolvimento humano. Enfim, o pensar é, sim, uma atitude cristã a ser cultivada para que haja definitivamente o crescimento pessoal, a eficácia da fé, a vitória sobre os desafios e a pureza na vida.
Na vida humana, o ato de pensar nos torna "senhores" do conhecimento. Não no sentido de dominá-lo, mas de saber usar suas estruturas de libertação, superação e eficácia. É a compreensão dos "porquês" que nos introduz ao atentar ao que é essencial. Logo, o que é essencial na vida cristã? Ou o que devemos realmente pensar como estrutura de conversão a Cristo? O intento aqui é dizer que o evento "Cristo em nós" nos levará a essa metodologia de pensar como construto da nova humanidade. Por exemplo, uma vez que somos "invadidos" mentalmente pelo dom de amar, não haverá, então, "limites" para fazer exclusões e nem separações. Seremos persuadidos pela construção da inclusividade (amor), da graciosidade (habilidades e competências), da fidelidade (justificação) e da santidade (purificação).
Alguém já parou para, verdadeiramente, refletir sobre as manifestações populares? Pois bem, elas são fruto da aplicação dessa metodologia. Alguém gostaria de explicar porque as comunidades neopentecostais continuam crescendo assustadoramente por meio da mídia e teologia da prosperidade? Pois bem, elas são fruto da NÃO aplicação dessa metodologia. Como alguém consegue "enganar" pessoas a contribuírem para manter "programas no ar", sendo que os recursos são para compra de fazendas, sustento do nível de vida e aplicações em paraísos fiscais? É porque não pensam, são incapazes de fazer comparações de modelos anteriores ou ainda inferir sobre valores bíblicos com os praticados hoje.
Para finalizar, quero que você, leitor, pense cognitivamente (desculpe-me a redundância) sobre as seguintes proposições:
(1) as estratégias neocarismáticas são fruto da associação da teologia da prosperidade e da pregação sobre demônios e batalhas com o diabo, cuja finalidade é fazer com que a pessoa fique dependente de tais pregações e comecem a testar a fé por meio de donativos.
(2) A associação que se faz da erradicação do pecado na sociedade por meio de pregações anti-inclusividade, anti-cidadã e anti-diversidade revelam mais um discurso de extermínio de estereótipos e biotipos do que amor e graça divina para todos.
(3) A enormidade quanto ao surgimento de novas comunidades, uma tentativa de configurar novas denominações, vem demonstrando a impossibilidade dos cristãos se reorganizarem debaixo do cabeça "Cristo", pois as motivações não são de humildade, submissão e amor, mas de conquista da arrogância, do poder da competição entre líderes.
(4) A humanidade contemporânea vive uma nova metodologia do pensar, instigada pela Pós-modernidade (movimento cultural) e pela Globalização (movimento econômico e político), enquanto a igreja evangélico-cristã continua nos modelos do fundamentalismo e conservadorismo, sem renovação e reformas, principalmente nas abordagens litúrgicas.
(5) Vida cristã é um processo, portanto ela é fruto do efeito da educação redentora na pessoa. Sendo assim, o maior investimento que as comunidades devem fazer na vida de pessoas é oferecer uma matriz curricular pautada na redenção como modelo de resgate, transformação e (re)criação. O modelo é o de conduzir (educare) a pessoa a Cristo e, com a metodologia do fazer pensar, moldá-la pelo conhecimento de Deus. Nesse sentido, a crítica será sobre os modelos de educação cristã oferecidos pelas igrejas.
Pensar é um ato de revolução. Primeiro de si e depois da sociedade.