segunda-feira, 8 de julho de 2013

Envultamento

Despertei-me muito mal esta manhã, com dores no corpo. Tomei banho, vesti-me e fui caminhando para o serviço. Logo, na porta de casa, havia um vaso com flores e um cartão com os dizeres: "Flores para meu amado!". Guardei as flores em casa e saí às pressas para o trabalho.

Logo, na primeira esquina próxima de casa, uma senhora entregou-me um cartão-brinde. Disse-me que havia guardado suas economias para presentear-me neste dia. O cartão era da floricultura da cidade, e o vale-brinde cobria cerca de dez buquês de flores. Estranhei o presente. Então agradeci e continuei em direção ao serviço.

No trajeto percebia muitos carros passando em baixa velocidade, quase silenciosos, os passageiros com óculos escuros. Como era manhã, conclui que eles estavam também com dores. Afinal, não é bom começar a semana já adoentado.

Ao chegar no edifício em que trabalho, chamei o elevador e subi até o meu andar. Era o décimo sexto. A ascensorista nem sequer deu-me um bom dia. Logo, pensei: "Ela também acordou com mau humor". No trajeto de apenas trinta segundos, meu pensamento agitou-me com as lembranças do fim de semana. Na verdade, não conseguia dar sentido aos fatos que me aconteceram. Ouvi o sinal do elevador, anunciando meu andar. Desci. O corredor estava com as luzes apagadas.

Na porta do escritório, um cartaz impresso, afixado com fita adesiva. Li e novos pensamentos tomaram minha mente com aquele novo acontecimento. Rapidamente, levei as mãos ao bolso. Havia esquecido da carteira e, consequentemente, estava sem dinheiro. Minha única saída seria retornar para casa. Mas, divinamente inspirado, lembrei do cartão-brinde. Corri à floricultura e comprei uma coroa de flores. O vale-brinde era tão alto que ainda me sobrou muito dinheiro. Pedi para entregar no endereço que especifiquei.

Deduzi, então, que todos deveriam ter ido ao evento fortuito. De longe avistei alguns conhecidos. Seus semblantes estavam tristes. Em meio ao povo, consegui alcançar a procissão fúnebre.

Acontecia o enterro de alguém que eu não conseguia identificar. Em poucos minutos, chegou minha encomenda. Ela se destacava entre as demais pelo tamanho. Pensei: "seja quem for, vai ter minha admiração". Ao redor da coroa de flores, letras douradas escritas: "De mim para mim mesmo".