Horário de verão.
tão quente como minha paixão por ti.
Cheguei em casa,
após um dia de indefinidas situações.
Vi que você estava
assentado no sofá cabisbaixo,
refletindo sobre algo em segredo.
Disse-lhe um
simples “oi”,
mas percebi que não era tempo para diálogo.
Fui ao banheiro.
Voltei rápido,
afinal queria compartilhar com você
sobre a minha angústia
cotidiana.
Mas você nem quis saber nenhum detalhe.
Sentei no outro sofá.
Entre nós apenas algumas almofadas no chão,
espalhadas para você brincar
durante minha ausência.
Comentei sobre a tristeza de não te levar comigo aos
diversos lugares:
lanchonetes, shoppings, barzinhos, casas, parques, etc...
É que nesses lugares eu estaria te expondo.
Mas é em casa e por causa do teu olhar meigo e piedoso
que eu tenho liberdade para confidenciar-te meus
segredos.
Sabia que você é verdadeiramente meu amigo,
até minhas intimidades você já viu e nem fez comentários
Afinal, você é tão discreto que te considero meu escudo,
pois só falo segredos para ti.
Falei-te sobre a decisão
de mudar,
ir para longe e não poder te levar.
Afinal, você não me pertence.
Por
isso, satisfaço-me em colocar-te sobre meu peito,
assistindo os filmes
prediletos de ficção e literatura.
Conversando só contigo porque tu és a minha terapia.
“Cast away” é um desses filmes,
no qual encontrei uma representação do meu imaginário
Lá, Wilson deixou o náufrago por causa das ondas
E alguém me deixou por causa dos boatos,
Por isso te escolhi,
para abraçar-te e acariciar-te sempre.
Sim, são meus afagos que contam solitariamente.
Você é a dádiva de
uma relação saudável.
Pena que ficou na saudade:
vivo em um mar de naufrágios
Amanhã, irei embora e sei que
não vou mais te ver,
meu querido cãozinho de pelúcia!