sexta-feira, 29 de março de 2013

Ferir-se para sempre


Acredita-se que a fé cristã consegue revelar os mistérios
Então, eu proponho um questionamento ainda mais sério
Sabe-se que é possível "perdoar" quem comete os adultérios
Mas como fica aquele que a si mesmo deu-se ao necrotério?

A morte fez-se nossa amiga junto com a consciência dos vivos
Ela surgiu em discussões e expulsões, fazendo-nos sair do abrigo
Desde crianças quando não entendíamos a dor aguda do castigo
Aparecia para nós maléfica e batía-nos com sentimentos nocivos

Ela se manifestou na ira das competições entre os seres pueris
Atingiu o corpo com doenças silenciosas. Nem perdoou os juvenis
Afetou a alma com sentimentos caóticos. Das angústias e dores febris
E tocou em tudo que vital na humanidade, curvando-lhe a ferida cerviz

A peste bege graduou-se como marca da aniquilação da vida
E tem sido pelos entorpecentes a redução dos jovens na lida
Não foi a humanidade que perdeu lugar para a morte oferecida
Mas será a posteridade da vida a desabitação na Terra Prometida

Enterramos os mortos para cumprir o ritual do último adeus 
Mas esquecemos de dar sumiço gradual aos vícios da alma. 
A morte inculca a possibilidade do suicídio que acalma
Como ambiguidade do desencanto do amor que leva os seus 

A morte ganhou relevância para que aprendamos a valorizar a vida
Ela veio contrapor-se à magia temporal da energia que conquista 
Dar cabo à vida é ignorar que a morte exige preços pagos à vista
Sofrer não é desejar morrer. É entender que a vida não é fingida

Quando ela chega, separa um a um dos muitos. É fatal
Os que ficam são os vencidos. Não se entende o trivial
As indagações não são respondidas. É segredo divinal
Mas para os que creem, a esperança do reencontro é real