segunda-feira, 11 de março de 2013

Seguir ando só




Há dias não me alimento. Não te vejo e a ansiedade me toma
Sem teu argumento. Emudeço e a crueldade me doma
Só me resta o lamento. Percebo. É a maldade que se soma
Sem audiovisual é sofrimento. Fico teso, e a saudade engoma

Já faz tempo que você me largou. Eu registrei no consciente
E sei que você nem tardou. Informei-me sobre seu expediente
Após mim, dois você deixou. Alertei, entre todos, o mais saliente
De mim, sempre se queixou. Endossei seus mimos, virei paciente

É ferida que não se cicatriza, e vai virar câncer letal, sem cura
É sentida na alma porque realiza no ser com metal a lisura
É fingida sua saída que revida conhecer na prova fetal a cesura
É lasciva o que canaliza em prover avental, ó pessoa imatura

Teu grande problema é vencer o discurso do patriarcado
Você vive o dilema em querer o curso do teu antepassado
Livre-se da algema prá concorrer no concurso do magistrado
Esse é o esquema de ser o grande urso não rastreado

Se você aguentar, serei tua salvação com voz e direcionamento
Se você suportar, terei na minha mão o algoz de banimento
Se você atentar, oferecerei em celebração a noz do sofrimento
Se você amenizar, transformarei a comoção em divertimento

As reminiscências que tenho de ti não são mais nítidas
São lembranças de desdenho, quase tão fétidas
Grandes recordações contenho porque são gélidas
É sério. Minhas ações as tenho em segredo. São idas

Agora já não há mais volta. Criei a redoma. Estou me recuperando
Nem mesmo precisei de revolta. Larguei o coma que estava passando
Ajuizei-me com verdades à solta. Ganhei na soma. Estou planejando
Conscientizei-me das reviravoltas que dei. Toma o teu rumo. Eu ando.