sexta-feira, 15 de março de 2013

Neófito doutor




Logo após minha conversão, testemunhei acerca da salvação
Mas foi quando fiz, em público, a minha primeira oração
Tive que passar por completa e inocente humilhação
Eu não tinha noção, das partes de uma prece de gratidão

E nem de confissão, sei lá o que significava contrição!
Pior ainda foi quando disseram-me para fazer a de intercessão
Foi cômico, trágico. Levantei as mãos e impetrei a bênção
Ninguém entendeu minha ação. Constatei verdadeira confusão

Havia louvado a murmuração. Exaltado o pecado da nação
Convoquei a Família das Três Idades. Que decepção!
Queria referir-me à Trindade. Quanta frustração!
Faltava-me vivência de ser cristão: a da erudição

Pior ainda. Havia chamado o Filho como bode de exposição
Disse que o Espírito, porque era invisível, o Deus trovão
E ao Pai Jeová, que deu o maná, como pão da consumação
E entre curtas frases, os aleluias - gestos de empolgação

É preciso os líderes saberem que nenhum neófito entende a conversão
Como ato repentino, mágico, aquele de pura sedução e ludibriação
Se na comunidade não houver, um currículo, invisível sequer, de educação
Onde ensinos fundamentais, o de diferenças cruciais, determinam o ser cristão

Não se trata apenas do domínio acerca das teorias de educação cristã
O recém convertido é um livro de páginas limpas, pronto para a escrituração
E é preciso considerar este ministério como base de toda a transformação
Não confunda com doutrinação, educastração, memorização e até denominação

E foi mergulhado na Teologia e Educação que informação e conscientização
Deram-me a referida titulação para exercer com devoção e dedicação
O que chamo de Bíblia e Ciência ou Fé e Razão como paixão e missão
Aprendidos pela metáfora da crucificação e pelo imaginário da ressurreição