terça-feira, 5 de março de 2013

Segunda tentativa

Meus olhos viram algo extraordinário hoje a tarde. Não cheguei a ficar cego
Na verdade, foi a visão do paraíso à parte. Era tangível, quase que pego
Tocar não podia, pura nostalgia! Fiquei apenas na dialogia, papeando
Era ainda dia, que alegria! Sua voz meiga, doce, me cativando.

Sorriso diferente, mostrando lábios e dentes. Sempre olhando-me contente
Retribuia todos os lances, entrementes. Encarava apaixonado, também sorridente.
Era, sim, minha fantasia decente. Só lamentava o temível incidente
Vozes estranhas, algemando a gente. Nosso convívio era indecente

Fui, então, à cela, em velas. Lamentei. Só não desisti porque entendi
Pela pequena luz das janelas. Suportei. Uma chance no futuro por ti
Após o sofrimento, sequelas. Aguentei. Você me esperou, sim, pois te vi
Abracei-te, mas não te beijei. Surpreendi. Você, meu bem-te-vi

E agora? Que fazer? Onde viver? Aqui, só haverá o jazer.
Vamos ao lazer, querer e ter, à nossa vitória do prazer. Lá, renascer!
De você, cada dia, quero me abastecer. E, livres, como gentes, reviver!
Somos dois, mas um só ser. Reconhecidos como "me" e "ter".

Que pena, você desistiu. Não tem coragem. Fugiu porque tem receio
Eu te entendo, a pressão nos colidiu. Ficamos à margem. Fomos o terceiro
A minha esperança jamais partiu. Ela é o meu pajém. Sou ronceiro
Nos meus braços e lábios, você nem resistiu. Sentiu que sou barbem. Aventureiro.

Vem, convido-te pela última vez. Aqui não posso ficar. Sou marinheiro
E já naveguei em você, em sua tez. E há lugar prá habitar. Sou companheiro
De dia trabalharei, a noite serei bem cortês. Falo até em casar. Sou parceiro
E até quem sabe, uma vez por mês. Vamos, sim, viajar. Sou enioeiro.