sábado, 16 de março de 2013

Ininteligível


Durmi acordado em dia escuro após noite clara de descanso
Tomei banho a seco e penteei os dentes com desodorante Avanço
Calcei a camiseta ao avesso, peça íntima na cabeça, meias social nos braços
Descalço, unhas cravadas nos encravos das cutículas, descontando os passos

Vivo na ausência da experiência das coisas mais belas,
Deixei de ser Brazuca, os de verdes e os de amarelas
Só celebro a realidade das quimeras, os homens donzelas
As mulheres viris, de bondades vis, coroas pueris. Robustas sequelas

A vida morreu assim: prá mim não te ti. Só para ti me tinha
Nó de elogios eu morria, sem cobertor em tarde de verão fria
Sunga de inverno eu tirei, prá comer churrasco em sorveteria
Embebedando-me com água flavorizada, fluxos de radioterapia

Fiquei alegre com a tristeza de sofrer a cura dos resfriados de ternura
Abraçado sozinho, cheio de carinho, pelado na cintura com alívios de queimaduras
Assistindo a tv fora do ar, com diferentes cores de luz preta, parecendo aventuras
Adorei a suruba de louvores, com surras de cotonetes. Fiz-me sábio com loucuras

E nós comigo? Sinto-me seguro na violência. É lá que o preso me dá liberdade
De mentir a verdade, de roubar com lealdade e de fingir com autenticidade
A cidade é a fazenda em que eu moro. Por isso corro de parar para engordar
Tomo café puro descafeinado para agitar a minha calma da alma. É só gritar

Música clássicca é banda calypso, da filarmônica Joelma, lua galinha que traiu
A indústria do comércio de sacolas dos mega shoppings de camelôs garantiu
E assentir que o Judiciário precisa se corromper para fazer justiça. Esperança saiu
Sou o lúcido maluco. Bebi sólido e comi liquido. A tartaruga mais veloz fugiu