domingo, 24 de março de 2013

Mar da sabedoria


Cheguei às águas da praia. Molhei os pés e esperei salgar-me
Infelizmente não houve tempo suficiente para mudar-me
Vesti-me e só presenciei pelo olhar com a intenção de tocar-te
Mais uma vez acordei porque sonhar é voltar a ti e abraçar-te

Decidi pela segunda vez nadar. Pulei as ondas e abracei acima das marinas
Mergulhei por baixo dos sulcos o puxar da correnteza sentindo a sina
Puxei fôlego aos pulmões impulsionando-me para flutuar pelas narinas
Foi assim que me acalmei boiando em água sem agitação - expressão ladina

Olhei o firmamento e vi as nuvens se formando como mensagem a decifrar
Era o de um mundo de paz, de justiça e de amor fraterno e singular
Pássaros voavam em círculo como um grande rei majestoso a coroar
Era a Terra-Mãe, rainha e senhora, abençoada e dando vida a celebrar

Um surfista pára ao meu lado e pergunta sobre o porquê de me ausentar
Disse-lhe que precisava entender a dinâmica das necessidades a manusear
E também que neste mundo há grupos que, sem educação, não há como lidar
Se uns fazem, dez mais destróem - levando-o a entender que é preciso cooperar

Foi-se embora. Aproximou-se os sábios golfinhos cujas experiências são de alegrar
Contaram-me liturgicamente todos os segredos para este mundo transformar
Hoje tenho as sementes da mudança e estou pronto para fazê-las germinar
Por isso, hei de constranger e chocar alguns, mas sempre pelo amar

Voltei à praia e encontrei-me com meu grupo, minha communitás a congregar
Profetizei-lhes sobre a vocação de discipular, foi a deixa para fomentar
Entre todos o poder dvino, cheio de entendimento que haveria de se manifestar
E cada um sentiu-se animado porque tornaram súditos do Espírito que veio reinar