quarta-feira, 20 de março de 2013

Separação


Quero sentir paz novamente, como já tive no passado
Quero tremer por dentro de felicidade, sendo abraçado
Quero vibrar no pensamento da igualdade, bem sossegado
Quero ensinar os axiomas da eternidade, totalmente alinhado

Para isso, terei que me separar, sair da relação
Nem sempre o afastar-se é de fato pecado, então
É que a ausência do respeito gera a competição
E a falta da amizade condena-nos à dissolução

Ir embora não significa adeus ou um simples até logo
Mas em cada despedida é na verdade um prólogo
Mentalizei a possibilidade de restauração como monólogo
E fantasiei esperança, enganando-me pelo diálogo

Separar-me de ti é morrer para os sentimentos experimentados
É arrepender-me dos bons momentos já vivenciados
É sofrer na memória com os sucessos agora reprovados
É angustiar-me com as vitórias e os louros desfolhados

Sou escravo das tragédias gélidas e das complexas desilusões
Sou dejeto das mazelas caóticas e dos feridos corações
Sou antiprojeto das feras mórbidas e das pérfidas corrupções
Sou estopim das armas bélicas e das mutiladas emoções

A separação me faz desejar a morte como merecimento
Não consigo fazer-me livre e descansado o pensamento
Queima os meus neurônios com circuitos sem aterramento
Vivo em tormento porque não há o desejado esquecimento

A separação só é solução e paz para os que sabem compensar
Troca-se os valores e os hábitos como ato para amenizar
E administra-se os sofrimentos e os desamores para harmonizar
Principalmente quando há filhos – agora surgem para complicar

Vou, mais uma vez, aguardar com cautela e anseio
Estarei nesse pouco tempo aqui, porque creio
Amadureci e cresci. Ainda não sou homem perfeito
Só quero o que é meu: você, pois sabe que sou direito

Vim para ti e por causa de ti, mas sei que não te pertenço mais.
Vou me embora para outros lugares com diferentes ideais
Vou atrás de quem me valoriza. Cansei de ouvir os "jamais"
Vou sobreviver porque já me refiz e estou junto dos "normais"

Não nos separamos. Separaram-nos!